Há pessoas que chegam ao Natal cansadas.E há pessoas que chegam em alerta.Porque sabem — mesmo que não o saibam explicar — que as festas não são neutras.Reativam histórias antigas, papéis familiares rígidos, silêncios que nunca tiveram espaço, coment...
Há datas que não pedem celebração.Pedem lucidez.O Dia Internacional dos Direitos Humanos é uma delas.Dizemos “10 de dezembro” como quem repete algo herdado, mas sem tocar a ferida que a data expõe: os Direitos Humanos não nasceram para serem comemora...
Há textos que não se escrevem por catarse. Escrevem-se por responsabilidade. Porque o silêncio, quando se prolonga, transforma-se numa estrutura. E estruturas que protegem comportamentos abusivos acabam sempre por produzir aquilo que mais temem: perd...
Amanhã, dia 2/12, às 7h30 faço anos.E, antes que o mundo comece a dizer-me parabéns, quero dizer-me verdade.2025 foi um ano raro. Estranho. Duro. Produtivo. Silencioso por dentro e cheio de movimento por fora. Um daqueles anos que nos obrigam a olhar...
2025 foi um ano estranho. Estranho como só os anos importantes sabem ser. Um ano cheio de contradições: duro e fértil, silencioso e ruidoso, confuso e absolutamente luminoso. Um ano em que aprendi, mais uma vez, que viver não é um gesto romântico — é...
Caros/Caras EndurantesHá semanas que pedem mais do que é razoável: atenção dividida, decisões rápidas, emoções adiadas, aquela sensação de que estamos a “aguentar” enquanto adiamos a pergunta que importa.E depois chega o fim de semana — não como paus...
Há experiências que se insinuam devagar, como uma bruma que se instala sem anunciar tempestade, até que um dia a pessoa se dá conta de que já não confia naquilo que sente, naquilo que vê ou naquilo que recorda. O gaslighting começa quase sempre assim...
Há livros que atravessam décadas e continuam a regressar às nossas mãos como quem nos diz: “Há algo em ti que ainda não estás a ver.” O Poder Está Dentro de Si, de Louise L. Hay, é um desses livros. Nasceu no coração do movimento New Age, cheio de ot...
Passámos décadas a acreditar que a emoção era um fenómeno mental: pensamentos desorganizados, preocupações, crenças, memórias, interpretações. Fomos ensinados a “controlar a mente”, “pensar positivo”, “não deixar que a cabeça nos domine”. Mas a ciênc...
Há perdas que não fazem barulho. Passam entre dias cheios, responsabilidades, rotinas apertadas. Ninguém as nomeia, ninguém as valida, ninguém as vê. E, no entanto, moldam-nos mais do que imaginamos. O luto silencioso é esse território onde o corpo s...
A palavra rotina sofre má reputação. Foi empurrada para o território da rigidez, do aborrecimento, da vida demasiado organizada para permitir desejo, surpresa, espaço para o inesperado. Falamos de rotina como quem fala de um corredor estreito onde a...
Há uma espécie de ficção adulta que repetimos para sobreviver: a ideia de que a infância fica no passado. Que a vida começa, de facto, quando ganhamos um número de contribuinte, um emprego e uma agenda. Como se crescer fosse um corte limpo. Como se a...